segunda-feira, 6 de julho de 2009


Manual para homens desajeitados


Não posso lhe ensinar nada sobre as mulheres. Mas siga os conselhos de sua mãe. Ela é, provavelmente, o melhor exemplar da espécie e sabe o que está dizendo. Seja gentil com as garotas. Ela lhe dizia isso desde que você aprendeu a falar. Dizia pra ser cavalheiro, gente boa e educado.
Demorei pra descobrir que isso funciona, desde que seja verdadeiro. Ouça com atenção o que elas têm a dizer. Deixe-as falar. Com o tempo, vai perceber que elas têm essa necessidade. Também vai perceber que elas gostam de ouvir histórias e seu ponto de vista sobre as coisas, mas principalmente elogios, numa espécie de mentiras sinceras. Seja romântico na medida certa. Seja sincero em tudo que disser.
É claro que os caras bonitões chamam a atenção e tem preferência na fila. Mas por algum motivo, elas preferem os que têm personalidade, charme, originalidade e algo a dizer. Também gostam dos caras que sejam seguros de si, desde que não sejam arrogantes. Admiram os que fazem as coisas com paixão, desde que não seja torcer perdidamente por um time de futebol.
Por alguma razão, elas pensam no quanto poderiam ser felizes ao seu lado e nas possibilidades de fazer coisas surpreendentes com você. Nunca deixe de adicionar uma pitada de sacanagem e duplo sentido nos seus planos com elas. Nunca diga exatamente o que é, mas deixe pistas pra que ela use a imaginação. Seja sempre divertido, sem ser idiota. Nada de piadinhas. Presença de espírito é mais interessante que qualquer anedota de português.
Aprenda a gostar de cuidar delas. Não como um pai, mas como um homem que segue à frente desbravando o mundo. Tenha bom gosto. Saiba como se vestir com simplicidade. Tenha sempre o chiclete no bolso pra garantir bom hálito. Não seja ansioso e espere o momento certo para apimentar a conversa ou pra pedir licença. Deixe-a pensar que foi ela quem determinou tudo. No fundo, será ela mesma que fará isso.
Nunca, em hipótese alguma, discuta com elas (principalmente com as que você se interessa), mesmo que você tenha razão. Se você conseguir transar com ela, nada de exibições sexuais. Seja delicado e ao mesmo tempo, um tipo de selvagem que usa a força e a sutileza a seu favor. Ta liberado falar palavrão durante a cópula, mas não seja vulgar. Essa linha tênue infelizmente, você terá que descobrir sozinho.
Aprenda que o cheiro delas é, provavelmente o melhor do mundo e que, de maneira fantástica, não se repete pelo corpo todo. Tem o perfume, os cremes, o xampu. O cheiro da nuca não é o mesmo dos seios, embora seja tão bom quanto. Cheire-as como um bicho que vasculha o território. Sexo não é uma prova de resistência ou uma corrida de 100 metros rasos. Nem é uma exibição cheia de alegorias.
Mostre que você a deseja de verdade, mas que não é um faminto que atacou a geladeira e nem sequer prestou atenção no que estava comendo. Pare um momento e observe o quanto o corpo dela é lindo (se não for, omita). Lembre-se que o beijo é a melhor parte de tudo que vem antes ou depois. E por falar em depois, dormir depois de gozar, não é um pecado. Mas faço isso quando tiver certeza de que se tornou uma espécie de ilha deserta onde alguém pode, enfim, descansar no seu peito enquanto assiste ao por-do-sol.
Pegue um atalho e descubra que as mulheres mais interessantes não são as mais bonitas, são as mais charmosas e de personalidade forte. Essas são as que, quando acordarem com você no outro dia, ficarão mais lindas que na noite anterior com toda aquela maquiagem e roupas exuberantes.
No mais, não posso lhe ensinar nada sobre as mulheres. No entanto, muito do que eu deveria ter sido ou feito está escrito aqui.

quinta-feira, 2 de julho de 2009




Ritual Fertility

Músicas são nossas segundas intenções bem disfarçadas.

quarta-feira, 1 de julho de 2009




But the kids is not my son

Não me venha falar da quantidade sem limites de discos vendidos.

De quantas semanas sua música ficou nas paradas de sucesso de qualquer rádio do planeta.

Do jeito diferente e fluente de dançar. Dos videoclipes que mudaram a indústria cultural pra sempre.

Não me venha falar de nada disso. Eu estava lá, vendo e ouvindo tudo em tempo real.

Não me venha falar das bizarrices. Eu também estava lá, com meu velho jeito sínico de não me importar muito com o que não é da minha conta.

Dele, guardo as músicas.

Ainda ouço Don't Stop 'Til You Get Enough com a mesma vontade irresistível de dançar, como se não fosse observado.

Ainda ouço Billie Jean da mesma maneira: como uma música insinuante e inocentemente cheia de sexo.

O garoto que perdeu a infância e a cor fazia a legítima música pop de um jeito que só os negros daquele lugar sabem fazer. Com groove, com balanço, com uma malandragem tão diferente da nossa.

O jeito que os negros daquele lugar dançam, traduz o jeito que falam, o jeito que andam pelos guetos, o jeito que se esgueiram da falta de sorte e da herança inglesa tão polida e contida.

O jeito que os negros daquele lugar dançam, traduz o jeito que se livram dos perrengues e, acima de tudo, traduz o jeito orgulhoso de amar os filhos e a cor de suas mulheres saborosamente fortes e corajosamente charmosas.