quarta-feira, 1 de julho de 2009




But the kids is not my son

Não me venha falar da quantidade sem limites de discos vendidos.

De quantas semanas sua música ficou nas paradas de sucesso de qualquer rádio do planeta.

Do jeito diferente e fluente de dançar. Dos videoclipes que mudaram a indústria cultural pra sempre.

Não me venha falar de nada disso. Eu estava lá, vendo e ouvindo tudo em tempo real.

Não me venha falar das bizarrices. Eu também estava lá, com meu velho jeito sínico de não me importar muito com o que não é da minha conta.

Dele, guardo as músicas.

Ainda ouço Don't Stop 'Til You Get Enough com a mesma vontade irresistível de dançar, como se não fosse observado.

Ainda ouço Billie Jean da mesma maneira: como uma música insinuante e inocentemente cheia de sexo.

O garoto que perdeu a infância e a cor fazia a legítima música pop de um jeito que só os negros daquele lugar sabem fazer. Com groove, com balanço, com uma malandragem tão diferente da nossa.

O jeito que os negros daquele lugar dançam, traduz o jeito que falam, o jeito que andam pelos guetos, o jeito que se esgueiram da falta de sorte e da herança inglesa tão polida e contida.

O jeito que os negros daquele lugar dançam, traduz o jeito que se livram dos perrengues e, acima de tudo, traduz o jeito orgulhoso de amar os filhos e a cor de suas mulheres saborosamente fortes e corajosamente charmosas.

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